Chuva Fina e Fria
Dobro a esquina, caminhando em calçadas
que desconhecia, sob chuva fina e fria; tão
estranho caminhar... com os dedos dos pés dormentes, lúcida mente, mas até quando não sei... O que o destino apronta, a vida não conta em data prévia, quando acontece acontece, como fosse o improviso no palco do teatro, quando a cortina abre ao novo ato, sem que tenhas, ator, lido o texto e composto a cena... que é a tua própria vida.
Aí resta improvisar, desde o nascer é improvisar e improvisar, buscar rumos e ficar a deriva, sem rumo tantas vezes, não encontrar um farol ou quem sabe aprender a guiar-se pelo sol, pela lua, estrelas talvez... e a vida vai passando, vai ensinando, vai dobrando o corpo e os sentimentos e o que eram certezas viram incertezas e sobre o que pairavam tantas dúvidas, sejam, talvez as maiores certezas, como a inexorabilidade da vida, que é certa, mas fazemos de conta não ser...
Dobro a esquina, caminhando em calçadas
que desconhecia, sob chuva fina e fria, tão
estranho caminhar...