Lupanar

Da porta já se sente o cheiro de vela queimada e incenso barato.

Dia após dia, hora após hora, eles veem e vão.

Alguns têm uns dez caboclos nas costas, com certeza.

Entre bebidas, cubanos e gemidos, a vida se resume a algumas baias, onde se ganha a vida e se perde a alma.

Aqui se vive tipo gado. Quem cruza o limiar é marcada à brasa.

-Mulher da vida , quenga!

É o que dizem, mas ninguém nasce aqui, chegamos aqui.

E a estrada que traz até o lupanar não permite que se trafegue com sonhos, família ou esperança. porque ela te deixa e se dilui.

Tu não volta!

Todo dia é um porre! E o tempo caprichoso não acelera a ampulheta, e ao fim de toa noite, sou reflexo da minha maquiagem borrada e dos cabelos desgrenhados. Isso quando não sobra um bofetes.

-Mas ele não quis beber!

É, não há um só dia que não me lembre da "mainhã". Diacho de saudade!

Tenho perdido peso e nasceram umas feridas na boca.

Os médicos disseram que Talvez alguns meses. Que droga, tempo! Acelera esse relógio.

Arrebata-me, para que da vida, tenha meu último nojo.

O acinzentado Outono chegou, fazendo com que as folhas velhas e frágeis caíssem, e nesse vácuo ela se foi. Assim como pedira ao dono dos ciclos, depressa.

Nunca brincou de boneca, nem ganhou o beijo do moço bonito, não teve um vestido de festa, nem sua beleza reconhecida. Era jaspe e jasmin, mas de onde ela vem, meu caro, não se notem os querubins.