A ESTRADA

A ESTRADA

BETO MACHADO

Eu não suportaria ver

A minha trajetória mutilada.

Sem os pés num tosco jogo.

Sem as mãos à poesia atracada.

E tanto o campo quanto o cais

Pavimentaram a longa estrada,

Por onde trilha um poeta,

Tornando a via encantada,

E um jogador contumaz.

A estrada mergulha

Numa casa toda aberta,

Cercada de romãzeiras viçosas

E, por demais, generosas,

Ao espalhar bons fluidos,

Bem mais buscados

Que seus doces frutos.

E, sem ter um fim ensimesmado,

O mergulho transfixa os limites meus

E os da casa aberta,

Porquanto o corpo,

Razão de ser da vida no presente,

Não vai deixar pairar, impunemente,

Uma ameaça de qualquer torpor.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 28/04/2018
Código do texto: T6321264
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