A INVENÇÃO DA ÁFRICA GNOSE, FILOSOFIA E A ORDEM DO CONHECIMENTO
A INVENÇÃO DA ÁFRICA
GNOSE, FILOSOFIA E A ORDEM DO CONHECIMENTO
V. Y. MUNDIBE
Tradução de Leonor Pires Martins
Revisão de Manuela Ribeiro Sanches
Adaptação: Tereza Maria de Lima
I
No livro A Invenção da África
Mundibe sintetizou
O pensamento filosófico
Que a África revelou.
II
As contribuições africanas
À prática filosofal
Refere-se à disciplina
E a história cultural.
III
As experiências concretas
Determinam o viver
E os conceitos e discursos
Elaboram um parecer.
IV
A gnose africana
É busca, conhecimento,
Saber sistematizado,
Estrutura e convencimento.
V
A Filosofia africana
Em tudo se evidencia
Interpretando a história
Que o contexto fazia.
VI
Mundibe busca entender
Que conhecimento há
Entre a história do ser
E o que se ouve falar.
VII
Primeiro, o livro aborda
A forma e o conteúdo,
Estilo e conhecimento
Que ao africano alude.
VIII
E em segundo lugar.
Os sistemas tradicionais
E os gêneros narrativos
Que evoca os demais.
IX
Há imagens e debates
Como a Antropologia
Buscando interpretar
À luz da Filosofia.
X
As várias indagações
Sobre a Cultura Africana
Eleva o conhecimento
De uma forma bacana.
XI
Embora seja uma escrita,
O autor pretende mostrar
O conhecimento em África
E sobre África falar.
XII
Também se pode dizer
Que entre vários discursos
A história africana
Vai criando seu percurso.
XIII
Assim, o povo africano
Revelam sua cultura
Sua história original
Que a gnose assegura.
XIV
No ano setenta e três
Foucault nos afirmou
Que os discursos gerais
Em muito diferenciou.
XV
Em geral ou particular
Estes discursos revelam
A realidade complexa
Que a tudo interpelam.
XVI
E no primeiro capítulo
O discurso do poder,
Conhecimento e alteridade
Desafiam o saber.
XVII
A disputa pela África
Na era colonial
Durou menos de um século
De revolução total.
XVIII
Colonialismo e Colonização
Deixaram reflexição
Que significaram, basicamente,
Arranjo e Combinação.
XIX
Desde o século XIX
Até os anos cinquenta
A literatura promove
O que o espaço ostenta.
XX
O espaço africano
Aos poucos faz revelar
Com as ideologias
Que fazem disseminar.
XXI
Um lugar de paradoxo
Questionado por demais
Busca a modernidade
E a África entra em cartaz.
XXII
A história convencional
De uma África primitiva
E chamada “marginal”
De forma bem imprecisa.
XXIII
A invenção do africanismo
Bem se pode perceber:
Os objetos de estudo
E a Arte a envolver.
XXIV
O Continente Africano
Muita gente conhecia,
Mas não estava nos mapas
A produção que fazia.
XXV
Fetiches e outras peças
Anunciavam a Arte,
Mas “A Invenção da África”
Ainda não fazia parte.
XXVI
O comércio de escravos
Os europeus que faziam,
Bem no século XVIII
Isso ainda acontecia.
XXVII
A Arte para os turistas
É objeto total,
Mas para os africanos
É um cerimonial.
XXVIII
O Etnocentrismo Epistemológico
Determina que o ser
Detém o conhecimento
Que a Ciência prescrever.
XXIX
Frobenius, em trinta e sete,
Sobre Gênese escreveu
Expressando sobre a África
E as hipóteses que elegeu.
XXX
Sobre a “Invenção da África”
Ele logo escreveu
E os significados
Nos discursos estendeu.
XXXI
E a Ciência Antropológica
Tão logo apareceu
Dentro do Mercantilismo
A ideologia cresceu.
XXXII
Mas também o Imperialismo
Ganhou sua maestria
Reificando o primitivo
Que a história trazia.
XXXIII
E as coisas ganham forma
Junto ao ser que é natural,
Os lugares e espaços
Numa missão social.
XXXIV
Descrever o primitivo
Todos queriam fazer,
Mas a Antropologia
Expressou o seu poder.
XXXV
O cientista social
Procurou logo imitar
O processo natural
Que a cultura expressar.
XXXVI
Mas as Ciências Sociais
Far-se-ão compreender
Pela Epistemologia
E não pelo parecer.
XXXVII
Mundibe, então, nos alerta
Que para se fazer história
É necessário estudo,
Vivência e muita memória.
XXXVIII
E, para então concluir
Há questão a se pensar:
A Filosofia explica
O que a Ciência aprovar.
XXXIX
A Gnose Africana
Muito tem a revelar,
Conhecimento que emana
Da cultura a se formar.