Metamorfose do inconsciente
 
Tudo estava dentro de mim.
Do pior ao melhor, eu tudo possuía.
Não sabia da força que tinha...
Sabia sim, da fraqueza que me consumia.
 
Uma dor na alma moveu-me para dentro.
Era dor de ser nome de outros.
Produziu náuseas e somatizações.
Espasmos que gritavam por liberdade.
 
Debrucei sobre mim mesmo.
Segurei forte as entranhas do meu ser.
Foi em vão tal movimento.
Incapaz de dissolver neuroses enraizadas.
Mas o que ali dentro permanecia,
Lutava para ser expulso.
Não desejava ser contido, nem emudecido.
Doía por ser algo próprio da existência.
 
Era necessário movimento cirúrgico.
Abrir o ventre para libertar a alma.
Abrir a alma para revelar o próprio eu.
Aquele que eu já era e não sabia.
 
E foi desta expulsão que nasci.
Livre para alçar os voos que escolhesse.
Pronto a desbravar o incompreensível;
Sem algemas para policiar o inter (dito).
 
Fênix avassaladora.
Dor desmistificante.
Asas reluzentes no infinito.
Onde sou, sendo.
Onde fui sem ter permanecido.