O Homo Ridiculus
O homem ridículo não se via ridículo
Logo era um homem ridículo.
Mas tão logo, se viu ridículo.
E tornou-se um homem.
Percebeu que falava demais
pra se esconder.
Que amava as grandes causas,
mas não o próximo.
Que se considerava “do bem”
pra não se conhecer.
E que o mundo lhe devia a felicidade,
mas ele ao mundo, nada devia.
Notou que nunca fraquejava
porque se abstinha.
Que não era egoísta, competitivo
e estava sempre equilibrado.
Porque, pelo que tinha,
pouco havia lutado.
Imaginava-se evoluído e bem-resolvido,
e esperava por um amor maravilhoso,
porque não suportava conviver
com gente de carne e osso.
Enfim porém, assumiu sua irrelevância
E ganhou leveza, presença.
E ao desistir de ser tão puro e bom,
tornou-se muito melhor.