Silêncios

Palavras são erros. Excessos.

Palavras nos tornam iguais.

E os silêncios nos escancaram.

Desde o nosso primeiro.

Aquele silêncio sem jeito,

que disse tudo de mim.

Teve aquele também na cozinha.

Aquela mudez caprichosa,

mudez concentrada,

que volta e meia parava,

e de relance te olhava.

É tão bom quando estamos sozinhos.

E teve aquele silêncio de ontem,

que ouviu uma risada alta.

Aquela risada sem som

que abraçou a sua pele suada.

Uma gargalhada muda

da nossa cara feliz e deslavada,

que não mais precisava

ser tão maquiada,

e que nos disse portanto,

que a gente se bastava.

Mas tem o silêncio de hoje

que é silêncio sem graça.

Silêncio que me conta baixinho

as ilusões que criava.

Rafael Lédo
Enviado por Rafael Lédo em 14/04/2018
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