Acta Est Fabula*

A mim mesmo e, em especial, a Carlos Eugênio Ferreira

poeta, o que te dói tanto

neste momento novo:

o que há por trás desse olho

que parece ter perdido o encanto?

a cada porta fechada

um nova porta deverá se abrir --

quiçá uma porta trancada

quem saberá uma porta que ninguém pensa existir?

poeta, o que te faz calar

no peito essa vontade d'escreviver:

sonhas acorrentado? corres enclausurado?

ou achas a ti mesmo sempre que vem a se perder?

poeta... poeta quântico?

poeta romântico?

poeta Black Metálico

letrista desapontado

com a recepção do mundo

a esfera terrena parece pequena,

com efeito talvez o seja, poeta,

mas o coração humano mantém abertas

portas que o mesmo guarda no peito

poeta, não te mantenhas tanto alerta, não!

o palco vazio ainda é um palco, poeta!

a lona, se baixada, é circo;

se subida, hospício.

e o livro de nossas vidas...

escrito com suor, sangue, lágrimas,

é um eterno recomeçar --

desde o fim até o início

(SALVE, PROFESSOR POETA!

LOUCO D'ENSINAR!

Sem remédio, repequeno nem regrande

MAS SEMPRE PRONTO A RECOMEÇAR!)

SILÊNCIO.

(ELE SE FOI...)

NOTA

* Reluto comigo mesmo em empregar esse título, muito triste, lúgubre, mortal. Mas tudo é tão provisório. Inclusive esse eterno embate entre o SIM e o NÃO & o BEM & o MAL.