Somente Ser
Sou um ponto de partida.
Medo da própria vida
descabida e desprevenida
Viajamos nos sonhos
Que nós inventamos
Sou um na multidão
Onde nado contra a maré
Na vida sou minoria
Desenganada pela fé
Sou uma fuga em alto relevo
Engarrafando a poesia
Por medo da gente má
Que nosso sonho querem deturpar
Ando pelos espinhos
Fugindo da miséria
Que nosso mundo se tornou
Pela falta de caridade
do perverso imperador
Sou uma seta desviando pela esquerda
Que renasce minha utopia
Lutar contra o desamor
Do poderoso malfeitor
Sou um devaneio no oceano
Uma gota deixada no chuveiro
Onde floresço como galhos
E desço rio abaixo no meu desespero
Sou a lágrima fatídica
Salgada pela terra prometida
Numa sexta feira santa
Onde sádicos comemoram
A morte da esperança
Sou meu próprio medo
No corrimão da desilusão
Das feridas abertas
Em um mundo de exclusão
Sou uma pequena mente
Reflexiva e carente
Sonhando com o impossível
Que é a igualdade entre a gente
Sou a seta que me desperta
Sigo o pulsar da emoção
Ouço gritos de dentro
Que minha alma
Não tem salvação
Por me sentir perdida
Nesse mundo sem noção
Sou a oração poética
Em meio às trevas
Encontro luz no porão
E desfoco as lentes
Desse olhar incoerente