A bailarina e o soldadinho
Ambos os brinquedos se conheciam
E compartilhavam a prateleira
Com este seu grupo que mantia-os unidos
Com outros bonecos de caracterisricas
Diferentes, não conformes, únicas
A diminuta bailarina
Que era vista por entre as outras
Tinha um defeito de fabricação
Mas isso não a impedia de dançar
Numa dessas danças
Graças a um dono descuidado
Acabou por machuca-la
Deixando mais dificil
Mais doloroso
Da bailarina conseguir dançar como antes
Ainda tinha oportunidades
E as aproveitava de modo exemplar
Achou alguém que cuidava dela
Não do modo ideal
Dessa vez ele estava disposto a aprender
Devagar, mas aprendia
E então assim
Nessas chances que tinha
Dançava de modo a resplandecer
Sua presença seja la para quem visse
O soldadinho marchava porque era feliz
E por conseguir marchar ele esquentava
Aquecia aqueles que o tinham
Fazendo-os se sentir amados
Fazendo-os se sentir queridos
Fazendo-os se sentir importantes
Mas usaram o soldadinho demais
Não esquentando-os de volta
Então por estar quente demais por fora
E seu interior ir esfriando
Porque não era esquentado
Seu corpo de metal frio rachava
E assim era descartado
Mas os outros bonecos o ajudavam
Acertando esses pedaços rachados
Esquenta-os para poder concertar
Adicionando mais uma cicatriz
Ao corpo do soldadinho
Ambos riam de seus destinos
Porque não se renderiam a eles
Poderiam ate achar pessoas
Que compreenderiam essas
Caracteristicas diferentes
No final das contas
Ambos seriam sempre
Brinquedos quebrados