NO CAMINHO, COM MAIAKÓVISKI

Na primeira noite eles se

aproximam

e colhem uma flor do nosso

jardim.

E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se

escondem.

Pisam as flores, matam nosso cão,

e não dizemos nada.

Até que um dia,

o mais frágil deles

entra sozinho em nossa casa,

rouba-nos a luz, e,

conhecendo nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada.

Já não podemos dizer mais

nada.

EDUARDO ALVES COSTA
Enviado por Zilmar Pires em 03/04/2018
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