Bons Homens

Os poetas amam, sim

Não são mentirosos todos os dias

Sentem, choram...

Lágrimas de pais solteiros e filhos abandonados

Reclamam da vida quase sempre

Mas não é por causa disso que aderem à misantropia

Os poetas amam sim

E na verdade é o que mais sabem fazer

São cruéis com as palavras, é verdade

Adoram fazer parecer que são vazios

Vadios, mestres da alienação,

Todavia sabem onde firmam os pés

Não escolhem caminhos fáceis

Porque gostam de correr contra o tempo

E razão para tanto castigo

É apenas tentar o esquecimento

Olha que é aí onde mora a curiosidade

Os poetas são engraçados

Usam a grosseria como máscara no dia-a-dia

E para quê?

Homofóbicos com vários argumentos de defesa

Sempre na indiferença

Mas lá no final

Toda essa brutaria descarada que diz que nada lhes falta

Traz à luz a saudade de alguém, duma flor, dum bem

Os poetas amam, sim

Têm essa mangonha de fazerem-se de difíceis

De impossíveis

Inimigos privados da sociedade

E para quê?

Melhor do que ninguém

Eles sabem que viver só é impossível

Por isso se isolam

A causa para isso?

Eles adoram enfrentar guerras sentimentais

Os poetas são miúdos

Crianças que envelhecem no corpo

Criam rugas no sorriso

Fingem-se de mortos

Com medo de morrerem por causa do amor

Têm essa mangonha de fazerem-se de maus

Mas são bons homens

Têm mais de emoção do que de cabeça

Apenas sem coragem de declarar amores aos crushes.

Widralino
Enviado por Widralino em 02/04/2018
Código do texto: T6297179
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