Bons Homens
Os poetas amam, sim
Não são mentirosos todos os dias
Sentem, choram...
Lágrimas de pais solteiros e filhos abandonados
Reclamam da vida quase sempre
Mas não é por causa disso que aderem à misantropia
Os poetas amam sim
E na verdade é o que mais sabem fazer
São cruéis com as palavras, é verdade
Adoram fazer parecer que são vazios
Vadios, mestres da alienação,
Todavia sabem onde firmam os pés
Não escolhem caminhos fáceis
Porque gostam de correr contra o tempo
E razão para tanto castigo
É apenas tentar o esquecimento
Olha que é aí onde mora a curiosidade
Os poetas são engraçados
Usam a grosseria como máscara no dia-a-dia
E para quê?
Homofóbicos com vários argumentos de defesa
Sempre na indiferença
Mas lá no final
Toda essa brutaria descarada que diz que nada lhes falta
Traz à luz a saudade de alguém, duma flor, dum bem
Os poetas amam, sim
Têm essa mangonha de fazerem-se de difíceis
De impossíveis
Inimigos privados da sociedade
E para quê?
Melhor do que ninguém
Eles sabem que viver só é impossível
Por isso se isolam
A causa para isso?
Eles adoram enfrentar guerras sentimentais
Os poetas são miúdos
Crianças que envelhecem no corpo
Criam rugas no sorriso
Fingem-se de mortos
Com medo de morrerem por causa do amor
Têm essa mangonha de fazerem-se de maus
Mas são bons homens
Têm mais de emoção do que de cabeça
Apenas sem coragem de declarar amores aos crushes.