Evagelho dos Pássaros
Ah,
Insensato doutor!
Não se engane com a sabedoria dos homens,
sua alma vivente é arrogante, pensa que sabe de tudo, puro engano.
por mais que ele queira, os mistérios da vida,
nunca irá desvendar.
Quando supor que tem todas as respostas,
vem à vida com o que lhe restou de perguntas,
e começa a gritar:
- Evangelistas incrédulos,
tiranos da fé, imitadores de homens, adoradores de ídolos humanos!
Sábios, doutores estudiosos do mundo! Não se iludam com sonhos,
na vida, sempre houve e sempre haverá,
o que perguntar!
- Doutor alado!
Qual é mesmo a origem da vida,
do Universo, da substância dos Deuses humanos?
Na escura caverna, pergunta a ciência, de crânio na mão, olhando pro chão, à procura de tíbias, de ossos quebrados, de fósseis de pássaros,
enfiados na terra, para estudar.
- Doutor,
a tua fingida sabedoria não traz boas novas, é tudo vaidade.
Desossa a fé verdadeira. Aumenta a angústia dos patos e gansos,
retira das aves a certeza de tudo, destrói a luz,
os caminhos seguros para voar.
O Neandertal,
o esqueleto de Luci, doutor, não passa
de triste cilada infame do homem, para outros
humanos, no chiqueiro do templo..,
tentar enganar!
Doutor!
- A ciência verdadeira não é e nuca foi a ciência dos homens.
A verdadeira ciência, doutor, é o evangelho dos pássaros!
Esse sim é imutável no tempo, tem alma viva, latente
dentro da gente, já existia no verbo,
e no verbo divino florece como
alga verdejante, no fundo
do mar.
- Nele,
é tudo tão singelo.
Canção divina, doce remédio,
imaculada palavra deixado por nosso Cristo alado,
sem deuses tiranos, sem extermínio de bichos,
nem ídolo barro, para adorar.
- Na verdade vos digo,
diz o evangelho dos pássaros, de única palavra:
por mais ímpio que se torne, na terra, os filhos do homem,
por mais necessário que seja, novo degredo, no fundo da alma,
a sina eterna dos pássaros, é o perdão!
É o dom de amar.