Reaprender
Ao fim dos pensamentos errôneos que me inundavam,
pude enxergar no que me transformavam.
Não reconheci meu reflexo.
Em meus textos, sentia-me deslexo.
Não era minha sombra ao chão.
Não era eu o ser no colchão.
Sentado na cama, esfrego os olhos e tento entender
o que são essas coisas que consigo ver.
Não são comuns nessa terra cinza e sem vida.
Não nessa terra engolida
pelo tempo e ambição.
Procurando a verdade, levanto minha mão.
Senti-me afogando, não posso esquecer.
Tudo parecia me forçar a descer.
"Eu imploro, me deixe sair!
Eu sei que meu lugar não é aqui!"
Me ergui das mentiras e falsidades
que eram me ditas como a felicidade.
Descobri a minha liberdade.
Pude finalmente respirar a verdade.
Sem correntes ou restrições,
sigo meu caminho em qualquer direção.
Tantas possibilidades. Tantas opções.
Agora começo a sentir meu coração.
Não sou mais domesticado.
Consigo enxergar com os olhos com que fui presenteado.
Olhar para trás e ver um lago de desespero,
sem ter ação, me pergunto se fui o primeiro.
Cores e mais cores. Azul é a cor do céu.
Incontáveis são as flores, delicadas como o véu.
Véu que me cobriu.
Véu que me induziu.
Véu que não me permitiu ver.
Véu que me fazia sofrer.
Pressão, caos e falsa esperança.
Em um inferno me encontrava ao fim da minha criança.
Pensamentos negativos me atacavam noite e dia.
Hoje, lembranças de pesadelos de quando sofria.
Me pergunto se consigo ajudar...
Se consigo fazer com que possam enxergar!
Essa rota não é traçada.
Moiras não devem ser vilanizadas.
Em um mar de constante perseguição,
seja pelo tempo ou por quem fingia me extender a mão,
me via sem possibilidades de evolução.
Hoje, percebo que o tempo não passa depressa.
O mundo é colorido, e a vida é bela.
Nada do mar de concreto que era acostumado.
Pela Mãe Natureza agora sou educado.
Aprendendo a ver, ouvir e respirar.
Aprendendo a sentir, crescer e amar.
Não sei se vou conseguir Ser,
mas ela me ensina como viver.