Três peometos de outono
Poema do mar
E o mar me falou na sua maré cheia
Que a vida é bela para quem bem semeia
E me sussurrou que o sal, é bom e é cura...
E a vida? – Loucura de um ritual.
Esqueceu de dizer o que era mal,
E eu não lhe pedi para me dizer mais
Mas na maré baixa
Como quem se agacha
Ao se ver sem vento, sem força e beleza,
Foi quando me disse que a grande riqueza é ser como ele: repleto de vida e quase imortal e acima da terra e abaixo do céu ser manso e humilde, sendo colossal!
Poema de duas metades
Um dia que nasce é um foco de luz.
E um sonho bom? Uma brisa que passa
Um gole de cana? O remédio de um ébrio
O negror noturno? O prazer da devassa
Pronde vai a abelha se já não há flor? Talvez prá colmeia, da rainha plebeia...
O menstruo da moça a expulsa do Éden
Que sente o desvario do prazer e da dor
O dia é luz e o real se traduz
A noite é prece, penumbra do riso
O dia é a meta que se faz destino
E a noite sem sonho, insônia, improviso...
Ontem faltou luz e eu escrevi:
Uma vela acesa
A chama da vela, me faz meditar
Sua luz em gota, me esgota o que há de espesso e me ausento em meu pensamento
No pingo de fogo, afogo meu olhar
Enquanto a suave brisa desliza seu sopro
Atendo ao chamado da vela acesa
De labareda vermelha, amarela
E na serenidade de paz na capela
Penso no fogo da vida, que é fugaz como ela... E no que virá depois dela...
E a chama balança, e nada me cansa. Enquanto, não vem o grande sono, se vela!