(...)

                                                               Dentro

                                                Do silêncio que

                          Entre nós

Se inaugurou

                          No ensejo oposto a toda fala

Urge

Um claro abismo

                                   A fundar-se inclemente.

Detenho-me em posto inerme

Contra a larga desta fenda que velozmente cresce

                                                                                  Nos afastando.

Renegando a duração dos ciclos é que se sente

O momento: o segundo último se arrasta.

Por mais que o sentido

Se perca junto ao acréscimo

Do vazio angustiado

(o qual ninguém ousa romper)

Será uma terna palavra

Nossa solução?

                                           Que é isto a ecoar sem ruído?

(Onda) a propalar-se vacilante

Neste vácuo sem distância?

Sinuosa e triste estância a

Corroer no largo instante

O frescor do gesto puído?

Quanto tempo agora nos resta?

O momento presente passa disperso

Até nos acenar distante - O tempo não passa de uma só vez

                        Mas todas as vezes.

Embora somente ao cantar do silêncio

Seja possível sentir seu corte ferir-nos

A tênue seda a envolver sulco e poupa

Gesto e gozo

Voz e tato

Penetrar longo a noite de nosso limbo covarde

Abrir

Fissuras no tempo (na vida)

Linhando os fins particulares

Como um rio que deflui

E deságua vão

Uma sinuosa cascata

                            Provida de tal ímpeto

Inundando a mais cabal e plena ausência.

                                                                                       (De ruídos)

HenriqueBazzí
Enviado por HenriqueBazzí em 22/03/2018
Reeditado em 28/03/2018
Código do texto: T6287042
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