Ponto de Situação
Numa terça de ramos
Conto o Abril no calendário
Agendas sem cumprimento
Dias de empobrecimento
Os problemas crescem
Com os pêlos
Mais grossos quando os corto
São ladrões do lazer
Os minutos preciosos
Passam por mim esquecidos
Não deixam nem brisa
Eu também "num contavo",
Man Ré,
Que a odisseia de ser caduco
Transforma velha a criança
Em escravo semi-eunuco
Com um escudo de desconfiança
Não sinto mais a carga da miudeza
Só o trincar da frustração
Calmo e triste
Sorrio e me alegro
Para carregar a cruz própria
Comprar pregos ao enfraquecimento
Lá fora o pão é caro
E o respeito é traficado
Para ser-se rei de si mesmo
Há que antes ser vassalo.