PARADOXOS

O meu coração é um túmulo aberto de segredos...

As saudades, as memórias e as antigos sonhos

São revisitados enquanto bebo na nascente

Das mais perfeitos devaneios e inspirações.

Num turbilhão de sentimentos contrastantes,

Aprendo a cada dia conviver com tantos paradoxos...

Em meio a esse caos, navego sem pestanejar

Pelos mares ignotos do meu ser...

Como permanecer com as antigas certezas

Quando descubro profundamente quem eu sou?

Como ainda posso me manter indevassável

Quando me deparo com os abismos da minh'alma?

Eu sou como o mar sereno que, mesmo na sua calmaria,

Repentinamente se transforma em colossal tormenta.

Percebo que em mim a paz e a guerra se mescam,

Formando uma totalidade estranha e complexa.

Eu sou como o azul do céu que, mesmo azulado,

Pode se revelar estranho, soturno e acinzentado.

Em mim, há exultação, onirismo e paixão pela vida;

Mas também melancolia, lutos e angústias no coração.

Eu sinto despertar em mim um ímpeto de lucidez

Que me faz ter uma desconcertante percepção

Dos tesouros enterrados no meu coração

E das minhas aspirações em incansáveis renovações...

Eu vivo com a certeza das minhas incertezas

E em tranquilidade com as minhas terríveis inquietudes.

Eu sou uma profusão de paradoxos apenas admissíveis

Para quem sabe degustar o vinho inspirador da poesia.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 17/03/2018
Reeditado em 10/04/2020
Código do texto: T6283006
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