PARADOXOS
O meu coração é um túmulo aberto de segredos...
As saudades, as memórias e as antigos sonhos
São revisitados enquanto bebo na nascente
Das mais perfeitos devaneios e inspirações.
Num turbilhão de sentimentos contrastantes,
Aprendo a cada dia conviver com tantos paradoxos...
Em meio a esse caos, navego sem pestanejar
Pelos mares ignotos do meu ser...
Como permanecer com as antigas certezas
Quando descubro profundamente quem eu sou?
Como ainda posso me manter indevassável
Quando me deparo com os abismos da minh'alma?
Eu sou como o mar sereno que, mesmo na sua calmaria,
Repentinamente se transforma em colossal tormenta.
Percebo que em mim a paz e a guerra se mescam,
Formando uma totalidade estranha e complexa.
Eu sou como o azul do céu que, mesmo azulado,
Pode se revelar estranho, soturno e acinzentado.
Em mim, há exultação, onirismo e paixão pela vida;
Mas também melancolia, lutos e angústias no coração.
Eu sinto despertar em mim um ímpeto de lucidez
Que me faz ter uma desconcertante percepção
Dos tesouros enterrados no meu coração
E das minhas aspirações em incansáveis renovações...
Eu vivo com a certeza das minhas incertezas
E em tranquilidade com as minhas terríveis inquietudes.
Eu sou uma profusão de paradoxos apenas admissíveis
Para quem sabe degustar o vinho inspirador da poesia.