GÉLIDO RIO

Insano mano!

Insano mano!

Insana nação!

A ordem partiu

E ninguém viu

Agora é frio no Leblon

E também no Brasil

E o morro que tanto esperava

Se desespera com o sangue que escorre

E cala a palavra libertária

Insano o mano

Que ordenara a caçada à palavra

E o mano que apertou o gatilho

No último desespero de apagar o grito

Que surgiu do morro e desceu ao asfalto

Na tentativa do voo mais alto

E agora é frio no Rio...

O calor tropical se esvai

Banhado de sangue

Da palavra calada no morro

E no cais

Mas haverão de ressurgir novos sois,

Novas marés

Que enxugarão o pranto dessa gente

E ressuscitarão novos carnavais.

(Essa barbárie não gelou somente o coração de Caetano, mas de todo Brasil. E hão de surgir novos sois por aqui)