Viver e morrer
Se eu morresse amanhã
Não levaria flores, a não ser o cheiro das margaridas
Se eu morresse amanhã não levaria ouro nem prata
Levaria os amores que tive
Se eu morresse amanhã
Deixaria a intolerância e o desamor
Aclamaria aos deuses pela paz
Noite e dia
Sol e lua
Brilho e escuridão
Se eu morresse amanhã
Não levaria o calor do sol
Nem a cor das manhãs
Se eu morresse amanhã
Levaria no coração
A emoção das crianças
Em dia de festa
Ah não se morre.
O que morre é o físico
O exemplo, esse fica.
LICENÇA POÉTICA E HOMENAGEM A ÁLVARES DE AZEVEDO:
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã…
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!