Tudo ao contrário II
Há muito pó na pobreza
A certeza é pouco tesa
Há muita pia na utopia
Falta encanto na beleza
Há pouca água, há muita mágoa
Tudo continua seco
Falta estudo na escola
Enchem-nos o saco e a mania cola
Quem ama ama a dor
Falta acção na relação
Há muito coro sem acção
Nada é "com" na compaixão
Quem é o "pai" da paixão
Que nos apresentou o chão?
Pouca paixão na compaixão
Logo não há chá nem pão
Falta leito na leitura
Falta pastor tendo paz
Falta a ovelha ouvir
É muito erecta a rebeldia
Há muito sol na solidão
Porém pouca clareza
Falta fim no final
Há mais bar no acabar
Reis que castigam o povo
Há corte na cortesia
Falta brio na brisa
Falta aviso que avisa
Falta ver as vendas
Há lágrimas em "lá"
Há pouca saúde na saudade
E o respirar que faz pirar
Há muita ida na subida
Falta ver a verdade
Há muito cu na custódia
Falta sol na solidariedade
A terra erra
Há muita guerra
A fé ferra
Tudo enterra
Falta vir mais virtude
Cada dia é mais diabólico
Falta artista com arte
Há mais arte e mar em marte.