Se Minha Poesia Falasse
Se Minha Poesia Falasse
Ah,
se minha poesia falasse!
Perguntaria a todos: à incontestável verdade;
ao visionário de berço; ao panteísta inveterado,
que dilacera, que corrói minha calma, com duras palavras,
se existe empatia na alma, de quem veio ao mundo,
com a triste missão, de praticar a maldade,
por puro prazer.
Ah,
se minha poesia falasse!
Diria ao surdo que só escuta o que quer,
ao Pelegrino sem rumo, com singelas palavras, para todos saber, que o suicida idealista, apenas toca com os olhos a beleza do mundo, guarda no íntimo da alma ódio profundo,
procura na vida apenas motivo,
para matar ou morrer.
Fala com a morte,
com a bomba em volta do corpo,
com atos insanos, com pedaços humanos no meio do sangue,
aquilo que em vida, a ira do sábio profeta dizia,
mas ninguém conseguiu entender.
Ah,
Se minha poesia falasse!
diria ao triste pobre humano,
coberta de vermes, de flores, do fundo túmulo,
aquilo que em vida, tanto tentou,
mas não soube dizer.
Ah,
se minha poesia falasse!