Eu...

Eu quero... ser tudo aquilo que mereço

Eu tenho... a eterna ilusão de um dia entender

Eu acho... que talvez seja mais do que pareço

Eu odeio... a vulgar banalidade de me perder

Eu escuto... os meus murmúrios e neles adormeço

Eu cheiro... um mundo feito de cores ao alvorecer

Eu imploro... em preces vãs numa língua que não conheço

Eu arrependo-me… por vezes sem sentir nem transparecer

Eu amo... a ti meu amor é este o meu triste preço

Eu sinto dor... numa estranha e doce sensação por descrever

Eu sinto falta... de mim quando só de mim me esqueço

Eu importo-me... com tudo para enfim nada compreender

Eu sempre... fujo das amarras deste imenso mundo espesso

Eu acredito... em fábulas imaginárias com vozes a condizer

Eu danço... entre musas aladas num inebriante jogo desconexo

Eu canto... meus sonhos sem nada nem ninguém me deter

Eu choro... onde as lágrimas se confundem com fugaz chovediço

Eu falho... quando acerto na desilusão de meu mal me querer

Eu luto… com fantasmas soturnos num mar envolto em sargaço

Eu escrevo... frases desleixas que só para mim irei remeter

Eu ganho... essa vã esperança envolta em teu suave feitiço

Eu perco... o som da minha alma sem esperança de me socorrer

Eu nunca digo... só apenas sinto neste meu vazio postiço

Eu sou... a neblina ocre reflexo na bruma por resplandecer

Eu fico feliz... essa alegoria fingida plantada em terreno movediço

Eu tenho esperança... que me encontre antes de assim perecer

Eu preciso... acreditar que tudo isto enfim é real e maciço

Eu deveria... quem sabe apenas somente viver

Iacoe Michaela
Enviado por Iacoe Michaela em 26/02/2018
Reeditado em 14/02/2019
Código do texto: T6264450
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