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Quando eu costumava brincar num horizonte perdido
Não sabia que era dentro de mim que ele estava
E então, quanto mais eu buscava encontrar
Mais entendia que era preciso perder-se
Perder-se numa confusão de caminhos confusos difusos e em fusos
Dentro de mim.
Dentro de mim
Confusão ambulante e errante e contrária
E as perguntas guardadas a sete chaves
E as respostas expostas a livro aberto
E mesmo assim, a dúvida sempre uma companheira encrenqueira
Mas o que seria de mim e do mundo e de tudo sem ela?
Então, fico eu perguntando
O que está em mim, oculto e dentro de mim
Quando vou além das estrelas
Quando eu atinjo Deus e os Céus
Quando ouso criar o impossível
Quando tento retornar ao possível?
A resposta está escondida aqui mesmo
— Também nos Céus onde Deus habita
Mas mais aqui
Esquecida e adormecida num abismo profundo
Onde o medo é ousadia, e a coragem é covardia
Lá onde a noite se tornará dia
Lá onde a única coisa que sei é “não sei”.
E no meio disso
Quando eu, assim de repente, atrever-me a navegar dentro de mim
Lembrarei para sempre apesar do nem sempre:
Que é mais fácil sair de um labirinto
Do que entrar nele profundamente.
Ítalo de Abreu