O HERÓI SEM CARÁTER
"Ai que preguiça!"
Disse o herói sem caráter...
Macunaíma acabara de nascer,
Confinado à sua selva de morrer.
Mil vezes não saber, que ver aquilo
Que nunca pediu para ser.
Hoje, Macunaíma ainda existe...
E agora, só lhe resta ser tranquilo.
Tranquilo demais para ser um herói.
Envolto em auras imaginárias,
E longe da batalha em que nasceu,
O herói não encontra mais o gigante.
Nem o talismã para virar a sua sorte.
De tudo, foi apenas um amante...
Macunaíma está perto da morte,
Na realidade que sempre escondeu.
Os dias não são mais de alegria.
Macunaíma perdeu a graça!
O nosso herói multiplicou-se.
São milhares de pequenos heróis
Pretos, pardos e brancos...
A esperança dissipou-se.
Macunaíma sobrevive
Fatalmente indignado,
Apesar da sua ingenuidade;
"Ai que preguiça!"