Esses sonhos sufocantes
Atirei-me no vazio.
Uma atmosfera subversiva.
Tudo em mim ruiu.
Minhas cores são frias e densas.
[...]
Exaustão.
Qualquer vontade. Qualquer uma. Nenhuma.
Nada.
Ou toda vontade do mundo.
Eu me afundei aqui.
Aqui, bem aqui. Nessa lama.
Realmente imaginada.
Eu não sei.
Por onde começar, eu não sei.
Desapareci num labirinto.
Era raiva. Era medo. Era angústia.
Aqui, bem aqui.
Nessa lama existencial onde eu me meti.
Estenderam-me a mão, eu recusei.
Aqueles sonhos, os maiores,
São companhias constantes.
Esses desejos gritam e gritam.
Sobre aquelas vidas...
Que eu deveria ter vivido e não vivi.
Eu não sei por onde começar, mas posso te contar do desespero.
Da dimensão dessa vontade.
De ser tantas. Ou de ser nada.
Eu sinto que essa lama se deve ao meu forte por extremos.
Eu estou há muito tempo no “nada é melhor que isso”.
O “isso é melhor que nada”, já não me basta.
Estrangula-me.
Eu sinceramente...
Sinceramente não sei por onde começar.
Eu fiquei perdida quando me encontrei.
Fui então me perder, mas vivo me encontrando.
Agora sou eu comigo mesma, nessa lama.
Imaginada. Mas lama.
É uma alma aprisionada.
Eu sei que devo começar por algum lugar.
Eu morri ontem.
Esses sonhos sufocantes.
Eles foram inflando, inflando.
Então eles me sufocaram.
Minha alma nessa lama.
Essa lama na minha alma.
Esse caos na minha dor.
Esses sons.
Esse estrangulamento.
A realidade é cruel, ela dói.
Massacra sonhadores.
Eu sei disso, mas vai explicar isso para os meus sonhos...
É inútil.
Eu queria ser mais clara.
Eu queria contar os detalhes.
Mas, eu não sei por onde começar.
Então eu termino aqui.
Provavelmente morrerei hoje.
Sufocada.
Por eles, os sonhos.