TRAVESSIA

derramo o olhar nas coisas

animadas

e inanimadas

...

deito os olhos nas calçadas...

do tempo

...

penetro num túnel

longo, longo

e vejo telas dependuradas

...

as imagens são criadas

...

já não sou a mulher de agora

reencontro tantas vidas

o que fui outrora

...

ou o poeta caminhando na areia

a feiticeira na fogueira

a dançarina rodopiando

a criança gritando

...

sou a que fala

sou a que cala

...

o sorriso aberto

sou também o riso incerto

...

entre lágrimas e sorrisos

vou reencontrando tantas vivências

quantas experiências!

...

reencontrando “tantas e tantos”

que fui

vou entendendo o que sou

compreendendo porque “voo”

...

e nesta longa travessia

vendo as viagens, as passagens

fixo o olhar em cada tela

antes que ela se apague de vez

sou tantas vidas

ainda que em mim

estejam adormecidas

...

não vejo o final do túnel

vou andando, andando

não é o tempo que está voltando

ele está apenas me mostrando

me demonstrando

que somos tudo o que vivemos

que o caminho do progresso

é longo e árduo

e que somos esta energia que rompe eternidades

lá ou cá... quantas ideias equivocadas!

não é a morte que nos transforma

são as “estradas”

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 12/02/2018
Código do texto: T6252037
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