Maldito Diamante

Fui arrancado da minha pátria sem me despedi, deixei pra trás valores e tudo que aprendi.

Na travessia das águas muitos não resistiram, fome, doença, muitos sucumbiram.

Quem sou eu agora em terras estranhas? Sem minha cultura, minha crença, sem minha música e dança.

Ontem eu e a liberdade nos campos corriam, hoje estou sendo leiloado como mercadoria.

Mãe e filho separados ambos arrematados, perdi minha identidade hoje me chamam de escravo.

Homens armados, é forte o estralar do chicote, o engenho não para, aqui homem não dorme.

O sol nem nasceu e o plantio ansioso nos espera, mate, café, algodão, destino terra europeia.

Sinto saudades, já estou envelhecendo, serei sepultado em terra de estrangeiros.

Uma assinatura fez de mim homem livre, piedade não foi, isso por aqui não existe.

Pra onde é que eu vou? Saí com a roupa do corpo, sem trabalho, moradia, melhor se estivesse morto.

Que liberdade é essa que limita os meus passos? A mão que me libertou pôs em mim outro laço.

Morrerei sem entender o meu semelhante, poderíamos ter sido bons amigos se não fossem os diamantes.

Renan Pinheiro da Silva
Enviado por Renan Pinheiro da Silva em 01/02/2018
Código do texto: T6242314
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