ALMA PACATA
ALMA PACATA
O dia alvorece.
Abres os olhos de tua consciência
e pensas no fazer honesto do teu dia.
Logo levantas.
Fazes as tuas necessidades higiênicas
e após
ingerir o café simples da manhã,
vestes a roupa da lida diária;
pegas os apetrechos rústicos
e sais com o sorriso na face amanhecida,
para se ocupar com as tarefas campesinas.
Não gostas da vida urbana,
mas amas a vida rural,
amas o simples viver no campo,
amas a paz que emana da natureza.
Não tens escolaridade.
Falas a linguagem caipira.
Não sabes escrever,
mas fazes e vives a poesia bucólica
de teus simples dias laboriosos.
És uma alma pacata,
que fala pouco e saúda a quem passa.
Revelas humildade nos gestos.
Serves com espontaneidade.
Doas o pouco que tens
a quem te pedes o que necessita.
Aturas a prova para viver:
numa casa tosca;
num corpo grosseiro;
num trabalho braçal;
mas o teu perispírito resplende
a luz de tua alma dadivosa.
Assim,
na labuta cotidiana
de tua efêmera vida carnal,
experimentas as lições existenciais
que a tua alma prometeu exercer,
antes de voltar ao corpo físico que te alojas.
E, embora não pareça,
para quem te ignoras a vida arredia,
na superação de tua prova,
és feliz em teu simples e virtuoso viver.
Escritor Adilson Fontoura