Desafeto
Lá vai o filho do pai, produto da ocasião
Lá vai o filho da tentação, fruto da escuridão
Vai brotando feroz sobre chão, entre luzes, cruzes e fertilização
Vai crescendo no espaço e no tempo, elemento da contradição
Lá vai o filho pra luta seguindo pela contramão
Vai, no vão entre o céu e o inferno, fugindo da solidão
Vai sem saber pra onde no bonde da maldição
Vai enfrentar o medo levado pela frustração
Lá vai o fruto adulto arrastado pela multidão
Vai traçando o destino sem rumo e sem direção
Vai fugindo das trevas por entre as ervas daninhas
Vai, cheirando o pó e comendo a farinha que a ciência contaminou
Lá vai, o espirito santo sem pai,
Pelos caminhos sem lei
Vai, sonhando em ser rei do mundo que o desprezou
Vai, flutuando no ar, delirando entre o ódio e a paixão
Lá vai o fruto da desilusão,
Vai, desprovido do amor de pai
Vai, traçando seu próprio destino
Correndo sem direção
Vai se afogando nas magoas, tal qual foi jogado no mundo
Vai mergulhando profundo, empurrado pela frustração
Vai sem jamais se dar conta que a vida poderia ser bela
Apaga-se a última vela, e chega ao fim a decepção