CANSADO DE MIM
Ando tão cansado de mim
Que chego a ignorar o início,
O meio e apenas anseio o fim.
Ando tão cansado de mim
Dessa distancia corpórea
E desse coração chinfrim.
Ando tão cansado de mim
Dessa mesmice crônica e enfadonha
Dessa eterna medonha insônia
Dessa mesa imensamente redonda
Do cheiro mofado do porvir
De tudo que não está ainda aqui.
Ando tão cansado de mim
Que chega a doer o roer dos ossos de tamanho vazio existencial
Que coisifica o que me circundeia ante a absoluta exaustão
E me estapeia entre um e outro gole dessa quase vida com gosto de vinho e cerveja
Enquanto o mundo lá fora me presenteia com mais um dia de pasmaceira.