Novembro 2017
Atravesso mais uma madrugada...
Em claro sigo a dentro do que sinto
E vejo meus pensamentos atravessar as sombras que me atormentam.
Mais é uma transposição sem brilho,
Fosca!
Que tão caregada de pranto
mau se absorve ar para os pulmões.
É só fumaça!
Fuligem e rotina!
O corpo não suporta mais...
A alma não suporta mais
E o coração? Até onde bate???
03:19 am... o latido transgredindo o silêncio
Silêncio perturbador!
O corpo está na reserva
E a estrada é bem longa...
Final eu sei que tem!
Mais possibilidades de alcançar, já descreio.
A vida está passando
As coisas estão acontecendo
A mente está adoecida!
E a alma, pesada, não é capaz de submergir
Sem fôlego e sem paz!
Mais um dia para minha descrença
Mais um caos para minha desordem psíquica!
O ônibus tem cheiro de suor
Cheiro de cansaço!
Cansaço de navio negreiro!
Eu sinto culpa
Eu sinto angústia
Angustia que me pesa a cada culpa que me cobra.
Tem arte no cruzamento
Categoria circense
Em troca de moedas para o pão
Ou uma conta de agua e luz!
Tem estresse no intervalo do semáforo...
Não tem intervalo para o estresse!
Tem um cara triste me olhando pela janela do ônibus
Seria outra alma descontente?
Ou simplesmente
Meu reflexo no vidro a minha frente?!
Já se passaram 4 dias
E eu ainda escrevendo essa mesma poesia
Sentindo tudo aquilo que começou a um tempo, que ja não lembro mais.
Porém de uma forma mais intensa
Mais além do cansaço, tem também o terraço!...
...Um imenso espaço de paredes brancas, com algumas linhas geométricas em tons de verde
Um piso de incontáveis pedras de ardósia, e o eco da solidão em acordes do meu violão... "...cama da minha alma"
As vezes a vóz até arrisca cantar alguma coisa
Sempre com a companhia de minhas poesias
É como se naquele momento, eu estivesse acompanhado do meu pensar e sentir materializados ao meu redor.
As vezes esse recanto vira uma masmorra!
E tudo que liberta, também passa aprisionar...
É sempre assim, um turbilhão!
Hora em outro mundo
Hora 90% sam
Mais sempre a mesma oscilação.
Mais um cruzamento a frente
Um rio sem vida corta o trajeto
De muitas vidas que por ali passam
E algumas até constroem suas moradas à borda
Mais quando chove!
Todo mundo acorda
Por que se a alma adormece
O rio transborda
E nada após a chuva ali sobra!
Parece um mundo próprio as ruas que cortam minha periferia!
Cada ser que passa com sua emoção a flor da pele.
Cada fragilidade...cada incerteza...
Cada sorriso as vezes camuflado em semblante fechado
Mais sem julgar ninguém sigo adiante
Na minha rima delitante
Fruto de um mundo de utopía!
Que existe destro de outro mundo
A realidade!.
Quanto custa um sentimento bom?
As vezes a falta de grana lhe condiciona a pensar em tudo para conseguir dinheiro.
Então me coloco a venda...
Sem desvalorizar os princípios que me formam.
Como se fosse um objeto sem sentido
Ou simplesmente algo para enfeite.
São tantas questões para expor, que até me esqueci de rotular um valor.
Será que da pra comprar um kilo de paz?
Ou duas doses de amor?
Uma dose já seria o suficiente!
Mais freneticamente, a alma deseja se embriagar.
Talvez tudo o que aqui se descreve seja um imenso conflito
Uma forma mais calorica de jogar o sentir e o pensar com a mesma força descoordenada.
E isso era apenas uma poesia que nasceu de madrugada!
E olha que já está anoitecendo...
Mais um ônibus para retornar ao lar.
Mais um dia buscando se encontrar...
E até agora não tenho nem se quer uma base do caminho a se trilhar
Somente penso, reflito em tudo a minha volta.
No movimento do ônibus...
No movimento das ruas...
No movimento das vidas que me rodeiam
No movimento do navio lotado...
No movimento das águas turvas...
No movimento das famílias espremidas socialmente na favela Onde vivo na realidade!
E no movimento que alma faz ao atravessar os dias encarnada em um ser atordoado com a realidade.
W.santos