MARCAS COLORIDAS
Como explicar para um cego de nascença,
o que são as cores?
Como explicar para um cego
o que é nascença?
“Ali nada surge
vai se repetindo”.
As cores são diferentes,
as cores podem ter, podem ser:
“Um tijolo ao relento,
antes da construção,
tem a coloração laranja;
a fruta, no entanto,
mesmo sem a solidez da futura casa,
é vital para esta cor”.
O cego ri e sabe
nenhuma cor se intui pelo tato,
o tato do colorido azul.
“Ele está por todos os lados,
mas não se toca a abóbada celeste”.
Como explicar as cores ao cego de nascença?
Não se explica,
embora o cego conheça o paladar,
se oriente pelo olfato,
- ambos intensos em uma salada de brócolis -
e tenha concluído:
“Imagino os brócolis na beira das calçadas,
eles florescem e ali estão todas as cores,
o cheiro do amarelo,
o gosto do verde, do vermelho.
sendo o resto, um sonho ”.
Mas para cego de nascença,
é preciso explicar o mundo.
Ele seria mais ruído:
do sapato salto agulha da mulher,
forte em cada batida;
do canto do passarinho,
saído do bico cantador;
chamar a atenção do menino:
“Olhe, como as nuvens são branquinhas!”;
dos gemidos noturnos na cama,
que vieram da caverna pré-histórica.
O cego de nascença alucinará:
“Os homens já viveram uma escuridão de gruta,
sentiram um medo imenso
e ali inventaram o prazer do amor.
O prazer é uma cegueira de nascença”.
DO LIVRO: "O ÚLTIMO FOGUETE"