QUANDO a ALMA FALA
Em momentos de dor e sangramentos
Não deixando de respirar, fala a alma
Exteriorizando as inquietações,
Seus queixumes
A alma fala quando plena e feliz
Onde finca seus pés na raiz
Da liberdade na profícua palavra
Diálogo bendito e saudável
Fala quando importa-se, interessa
E prediz a tempestade procurando abrigo
Ela grita desesperadamente
Quando ouve os trovões
Não quer ser por eles atingida
A alma tem sentido aguçado
Gosta da fartura da sintonia
Repudia a indiferença e não se cala
A voz da alma ecoa no profundo
Nunca do raso gostou
Acena sua bandeira de algodão
E, ajoelha-se em contrição
Alma amada, desprezada e torturada
O Universo clama por tua voz
Abre-se fendas no breu
O penetrante silenciar nocivo
Fala no silêncio também
No remanso, pela imagem
Pelo quadro apresentado
Pela fartura ou escassez
Dessa vez, faz-se nó
Quando reúne forças
Irrompe, corta as amarras
E, vive reluzente e ciente
Do canto da sua voz!