Janela do novo
Fábio Costa
Ele pediu para abrir a janela.
Abafado estava o ar da sala quase repleta de dias.
Disse mansinho que o ar novo estava para chegar,
Mas era preciso agir.
__ Abra a janela!
Não titubeei. Escancarei a alma sedenta de possibilidades.
O vento fresco e purificador entrou.
No mesmo instante, a carga pesada dos dias que passaram, cessou.
Sentamos por um breve momento e ele discorreu.
Começou acenando as inúmeras possibilidades que chegariam.
Disse para eu não ter medo. Foi em vão.
Olhou nos meus olhos e percebeu a minha fraqueza, então disse:
__ Tudo bem! O novo sempre dá medo.
Desviei o olhar. Era intimidador demais para ser contestado.
Quis perguntar o que me reservava os dias vindouros.
Engoli a seco. Preferi ser desbravador de dias, do que um covarde que prevê cada movimento.
O silêncio imperava entre nós. O frescor do ar enchia meus pulmões.
Tentei experimentar aquele instante com toda intensidade.
E quanto mais fundo eu ia em meus pensamentos, mas ciente da minha pequenez me tornava.
Ele então pediu que eu olhasse o azul do céu lá fora.
Fomos até a janela. A noite chegava de mansinho. Era a última. A derradeira para compor o restante dos dias.
Então ele disse: __ Veja! O que se foi não volta mais. O que virá também não lhe pertence. O que é seu é apenas o seu desejo.
Criei coragem. Respirei fundo e perguntei: __ Terei outras oportunidades?
E sua voz foi sumindo enquanto eu olhava através das grades.
Os últimos dizeres que recordo foram: “os dias do novo ano são repletos de oportunidades. Faça valer”.
Fechei a janela. Sentei-me no sofá.
Cerrei os olhos.
O coração palpitava. Era já ano novo e eu tinha a certeza que teria de fazer tudo de modo novo.
Adormeci e sonhei.
No meu sonho o senhor do tempo me visitava. Despertei sem conseguir distinguir ficção de realidade.
Foto:
Janela 119
Diamantina, Out/2017
By Fábio Costa
Fábio Costa
Ele pediu para abrir a janela.
Abafado estava o ar da sala quase repleta de dias.
Disse mansinho que o ar novo estava para chegar,
Mas era preciso agir.
__ Abra a janela!
Não titubeei. Escancarei a alma sedenta de possibilidades.
O vento fresco e purificador entrou.
No mesmo instante, a carga pesada dos dias que passaram, cessou.
Sentamos por um breve momento e ele discorreu.
Começou acenando as inúmeras possibilidades que chegariam.
Disse para eu não ter medo. Foi em vão.
Olhou nos meus olhos e percebeu a minha fraqueza, então disse:
__ Tudo bem! O novo sempre dá medo.
Desviei o olhar. Era intimidador demais para ser contestado.
Quis perguntar o que me reservava os dias vindouros.
Engoli a seco. Preferi ser desbravador de dias, do que um covarde que prevê cada movimento.
O silêncio imperava entre nós. O frescor do ar enchia meus pulmões.
Tentei experimentar aquele instante com toda intensidade.
E quanto mais fundo eu ia em meus pensamentos, mas ciente da minha pequenez me tornava.
Ele então pediu que eu olhasse o azul do céu lá fora.
Fomos até a janela. A noite chegava de mansinho. Era a última. A derradeira para compor o restante dos dias.
Então ele disse: __ Veja! O que se foi não volta mais. O que virá também não lhe pertence. O que é seu é apenas o seu desejo.
Criei coragem. Respirei fundo e perguntei: __ Terei outras oportunidades?
E sua voz foi sumindo enquanto eu olhava através das grades.
Os últimos dizeres que recordo foram: “os dias do novo ano são repletos de oportunidades. Faça valer”.
Fechei a janela. Sentei-me no sofá.
Cerrei os olhos.
O coração palpitava. Era já ano novo e eu tinha a certeza que teria de fazer tudo de modo novo.
Adormeci e sonhei.
No meu sonho o senhor do tempo me visitava. Despertei sem conseguir distinguir ficção de realidade.
Foto:
Janela 119
Diamantina, Out/2017
By Fábio Costa