As ideologias das memórias de sonhos incompreensíveis.
Devo a materialidade do corpo, o meu olhar de espanto.
A cognição desenvolvida.
O mundo de encanto.
A posterioridade, das dialéticas.
O corpo produziu os neuronios do meu cérebro.
A minha memória formatada.
Graças ao meu corpo.
A minha mente funciona.
Tenho memória estruturada.
Os olhos se abrem e vejo a distância.
Sei compreender o infinito estrelado.
As multiplicidades de mundos paralelos.
Sei entender as realidades ideológicas.
Devido ao meu corpo, construi o meu abcedário.
Desenvolvi o meu código de linguaguém.
Pude refletir a respeito das minhas insignificações.
Iluminei a minha razão com todas as possíveis filosofias do mundo.
Devido ao meu corpo fiquei bípede.
As minhas cordas vocais foram reconstruidas.
Pude ser produto da transição do primata ao sapiens.
Hoje tenho dois pés para caminhar.
Subir e descer as montanhas.
Para poder ficar mais perto do infinito.
Duas mãos para retirar as pedras do meio do caminho.
Inventar novos trilhos.
Devido meu corpo que tenho um coração sensível.
Recrutado aos meus desejos incompreensíveis.
Se não fosse o meu corpo.
Não teriam os lábios para sorrrir.
Os olhos para produzirem a doçura.
Tenho a linguagem para revelar a alienação da alma.
Não saberia diferenciar a alegria do sofrimento.
Portanto, o meu corpo é a minha fala.
A minha imagem.
A essencialidade do meu comportamento disciplinarizado.
Pela lógica do poder institucionalizado.
Se não fosse o meu corpo não teria como ser crítico.
Entender das violações físicas.
O meu corpo é o meu poder cognitivo estabelecido.
A rebeldia possível.
De um mundo de sonhos distantes e imponderáveis.
Edjar Dias de Vasconcelos.