Adaga
Eu escrevo o que sinto. E o que sinto nem sempre é suaviadade, beleza.
Por vezes soa metálico, corta feito lâmina afiada, destrói doces ilusões.
Eu escrevo o que sinto e isso nem sempre equivale ao que pensei ou refleti.
É só o que senti e assim de repente, mundos se desfazem e primaveras são ceifadas.
A palavra me entorpece, alegra e em um átimo é capaz de me revelar por completo.
É o sangue que eu dôo sem remorsos, é o segredo obscuro, trancado a sete chaves.
Senti tudo que já escrevi.
E o que guardei, o que deixei de mostrar,
outros sentiram, mas poucos leram.
Renata Vasconcelos