A BELEZA QUE NÃO SE VÊ
A BELEZA QUE NÃO SE VÊ
Há uma beleza que não se vê.
Ela está escondida no rosto envelhecido;
Ela se oculta sob a máscara retorcida da face;
Sob o corpo envergado pelo tempo;
Não se amostra na altura ou pequenez;
Nas formas sedutoras ou disformes.
É uma beleza que se reserva na alma,
Que reluz no bom caráter,
Que ser revela na personalidade sadia
E que se faz ver no amor que semeia.
O homem de Nazaré viu o belo onde ninguém mais via:
Nos corpos em chagas dos leprosos abandonados;
Na contrição do pequeno Zaqueu;
No sofrimento da pecadora humilhada;
No corpo aleijado de Bartimeu,
No arrependimento de Dimas na Cruz,
Nas feições demoníacas do possesso
E até no beijo falso do amigo Judas.
Para todos estendeu a mão.
Só os verdadeiramente belos a seguram.
E aqueles que lhe seguram a mão,
Extrapolam as feições humanas,
Brilham como o sol de primavera,
Exalam como o perfume das flores,
Têm o canto das cotovias,
A leveza das garças
E a magia do beija flor.
Eis porque a beleza não está no outro.
Ela está nos olhos de quem vê com a alma
E está aberto para a magia do amor,
Que supera a matéria
E se realiza no espírito.