A sensibilidade e o eco da mente

Todo dia é um transtorno, um trauma,

todo dia é uma fala,

mal interpretada, ou pior,

quando é muito bem interpretada,

O eco na mente,

Reconhece incongruências,

e pensa nelas sem querer,

É um distúrbio ser assim, de vidro,

mas afiado,

Que despedaça, sensível mente,

e demora pra se recompor,

Mais razões para o mal humor,

do que para o bom,

Os problemas são sempre brincalhões,

insistentes, irritantes,

não cansam nenhum segundo,

não mais os persigo,

agora são eles, que vêm até mim,

estão populando o mundo,

como micróbios, com seus bilhões de zangões,

se reproduzem com maestria,

Eu quero a perfeição,

mas vivo com indolentes,

se a tudo eu sinto,

não poderia ser, diferente,

Quanto mais percebo,

mais preciso analisar,

criticar,

comparando, pesando,

e sim, doendo,

doendo n'alma,

dor que não se sente,

que quer internalizar,

quer virar rancor,

e quem nasceu de vidro,

não tem qualquer escudo,

a sua relação nunca é ideal,

qualquer ruído,

qualquer emoção,

sua conexão com o mundo é direta,

não tem pele ou armadura,

não tem tromba ou concha,

não tem casco ou espinhos,

se são eles, que sempre viram contra si,

sensível, oh mente!!

a tudo quer dominar,

mas termina dominado,

Ecos a vibrarem,

muito tempo, a ruminarem,

como o vento no sopé,

o pensamento é o próprio inimigo,

quer tanta justiça, que acaba sendo injusto,

e consigo,

quer tanto a humildade, sendo assim tão arrogante,

que acaba difamando,

Pobre sombra, eco da penumbra,

precisa conter-se,

e pegar os cacos caídos,

precisa reerguer-se,

e aceitar que nem tudo é um cisco,

deste risco, no meu vidro,

no meu escudo de papel, oh peito!!

pobre do meu leito, do meu coração hiperativo...