UTOPIA DO NATAL
Chegou o Natal...
Época de alegrias e comemorações,
Festividades que se estenderiam a todos,
Mais existem os ausentes dessas mesas fartas.
A Estrela que simboliza o Natal,
Que orientou os Reis Magos,
Que viu Jesus nascer,
Numa humilde manjedoura de palha,
Hoje está sem brilho, pálida,
Acanhada e envergonhada,
Em seu silêncio cósmico.
Ela visualizou um mundo sem dor,
Sem guerras, moléstias, fomes e rancores,
Mais cega em sua utopia, se enganou,
E seu sonho de uma humanidade sadia,
Como simples pessoas humanitárias,
Desprovida de sentimentos profanos,
Seres humanos com índoles de fé cristã,
Navegando em calmaria de esperanças, naufragou.
Hoje as pessoas estão sempre apressadas,
Evitam cumprimentos em vias públicas,
Atravessam ruas para economizarem suas moedinhas,
Porque o maltrapilho pedinte,
Está lá de mãos abertas a esmolar,
Ou para não sentirem odores que deles exalam,
E assim sobram para seus presentes,
Champanhes e perus de natal.
Seus egoísmos afoitos afloram,
O dinheiro os idolatra e satisfaz a si próprio,
Suas gargalhadas cômicas alardeiam
Seu indomável poder econômico,
Sobressai o caráter elitismo e egoísta,
E a sua mórbida ousadia de ser feliz.
Enquanto pontes e viaduto abrigam excluídos,
Com olhares perdidos e fomes adormecidas,
Onde o cobertor é o manto da escuridão,
E o frio a maltratar seu ego maltrapilho,
Em lágrimas solitárias se maldiz da solidão,
Num mundo desumano tão sem razão,
Excluídos que são sem noções,
Onde os restos humanos são invisíveis,
Onde ninguém podem vê-los ou encontrá-los.
São os esquecidos dos olhos da humanidade,
São eles que sonham a utopia do Natal.
Quem sabe um dia a Estrela de Jesus volte a brilhar...