A caminhada
Eu ouço as vozes ruidosas nas ruas
Às vezes vazias, as vezes lotadas
A maioria insiste que diz alguma coisa
Mas para mim não significa nada
Eu não sei se o problema é meu
Ou se o problema é da madrugada
Que engole os sons produtivos
E faz todo o resto soar como piada
A culpa então... é da noite
Das milhares de falácias
Que reproduzimos todos os dias
Que ecoam pelas calçadas
Silenciosas de dia
Mas altas pela estrada
E nós animais noturnos
Absorvemos sem dar risada
O nicho dos pensamentos malditos
Estátuas vazias, mármore enviesado
Queria ser belo, mas é maltratado
Não se parece bonito, é meio engraçado
Uma reprodução perfeita de cada pedaço
De alguma coisa que eu senti hoje...
Eu vejo pessoas caminhando nas ruas
Às vezes bem nítido, as vezes borrado
A maioria insiste que existe alguma coisa
Eu continuo não vendo significado