Noite
O anseio pela chegada da noite
A calmaria barulhenta que consigo traz
Enquanto os cílios se cruzam
E o breu se torna vivo
Entrando em profundo estado de alívio
Onde o inconsciente aflora
Os pensamentos e ideias tomam conta
Da melhor forma
Turbilhão
São muitos
Mal consigo captar um sequer
Confundem-se e não se deixam ser absorvidos
Inquieta e perturbada
Faço da minha escrita
A minha própria morada
E tento adequar o melhor dos encaixes
Se, no escuro, encontro-me consolada
Faço do céu preto e, hoje, sem ínfima companhia
O meu silêncio, em concreto, mais bonito
Vá, menina, durma
Que a cidade começa a acordar
E suas corridas, e suas estultices, e suas horas
Gastas pela certeza da conta paga
No fim do mês
A claridade, agora, atrapalha
Retarda cada consideração
É preciso que escureça
Vá, durma, menina
Quem sabe e já sabendo com convicção
Em uma outra certa ocasião
Nasça a melhor das reflexões desde então
Durma