Noite

O anseio pela chegada da noite

A calmaria barulhenta que consigo traz

Enquanto os cílios se cruzam

E o breu se torna vivo

Entrando em profundo estado de alívio

Onde o inconsciente aflora

Os pensamentos e ideias tomam conta

Da melhor forma

Turbilhão

São muitos

Mal consigo captar um sequer

Confundem-se e não se deixam ser absorvidos

Inquieta e perturbada

Faço da minha escrita

A minha própria morada

E tento adequar o melhor dos encaixes

Se, no escuro, encontro-me consolada

Faço do céu preto e, hoje, sem ínfima companhia

O meu silêncio, em concreto, mais bonito

Vá, menina, durma

Que a cidade começa a acordar

E suas corridas, e suas estultices, e suas horas

Gastas pela certeza da conta paga

No fim do mês

A claridade, agora, atrapalha

Retarda cada consideração

É preciso que escureça

Vá, durma, menina

Quem sabe e já sabendo com convicção

Em uma outra certa ocasião

Nasça a melhor das reflexões desde então

Durma

Mariane Amaral
Enviado por Mariane Amaral em 07/12/2017
Reeditado em 18/05/2019
Código do texto: T6193131
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