Será que tive escolha?
Ali, naquele corpo.
Com aquela alma
naufragando na realidade
efervescente...

Borbulhas genéticas e históricas
tramavam a quantidade de oxigênio
a ser consumida.
Arquitetavam sinapses
Promoviam ilusões de ótica.
E alguma miopia.

Será que tive escolha?
Sob o manto emocional
de carências óbvias.
No berço indulgente
de de misturas perfeitas.
Tépido alimento
a lembrar o útero.
Escuro e confortável.

E se cegueira for uma
forma de visão?
E se a transcendência
for apenas outra dimensão?

Essências vestidas de outra indumentária.
Decisões calçadas de outras botas.
Tempestades de sentimentos.
Furações de fúrias e insulamento.
Terremotos de hormônios e
libido.

Será que tive escolha?
Ou fui escolhida pelo acaso
caótico da metafísica.
Ou fui escolhida pelo som
da dialética.

Se não tive escolha,
foi atávico.
Se tive escolha,
foi cármico.

Caminhos que não escolhi
moldaram meus passos.

Tempo que não busquei
harmonizou meu metabolismo.
Só poderia existir assim.
Nesse corpo.
Nessa alma.
Mixando metafísica e dialética.
E a filosofia metamática
dos dias.
 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 06/12/2017
Reeditado em 17/12/2017
Código do texto: T6191302
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