MINHA AMADA
Sinto tanto tua falta
Mais do que meu ar...
Tua boca semeando a minha
Teu hálito doce teu hortelã ao arfar
Tua forma particular de me fazer existir
De não desistir de ver a vida por meus olhos
De não desistir de viver por tua vida e por nós dois
De não entender o que seria viver sem ter você...
E agora consegui entender que nada é nada e vazio é cio de estações
Contentamento, são corrimões que se buscam Rio negro e Solimões
Que tudo é quase nada e que fadas só existem no céu do pensamento
E que nestas profundezas do ser você voa alto dentro de mim
As lágrimas são colírios de saudade que secam ao vento
As lembranças são cantigas inesquecíveis como musicas de convento...
Você é o espelho dos meus olhos presidiários
As janelas de casa são suas pestanas
As portas abertas de tuas orações são caravanas
As flores e as estações
O Apóstolo nunca está cansado com seu mestre
Os lírios do campo ainda tem preservadas suas vestes
São suas decorações suas entranhas derivadas da seiva mais pura
A savana de teus gemidos rarefeitos de criatura
O uivo eletrizante de teus sussurros em meus ouvidos
Tua respiração é o que pulsa no meu peito doce qual rapadura...
Tenho como fanal guia tuas mãos delicadas
Tuas unhas borboletas que me mostram o caminho a seguir
Não me sinto abandonado por que vives no meu ser
Não sei pra onde fostes e por quê?
Mais tenho certeza que estou colado em tuas retinas
Tuas acetinadas colombinas com o brilho Pierrô de minha alma
Onde estiveres te encontrarei salva
Se debaixo da relva ou adiante do sol
Encontrar-te-ei
O amor é corrente que não se quebra
O meu amor com tua ausência
Só te faz maior estás em todos os cantos que não me acho
Em todas as esquinas que não me encaixo
Só não tenho o endereço de tua alma
Mas em breve chegarei lá como monge que se acalma
Em breve como um barco a vela cruzando rasga o breu da escuridão
Chegarei dentro de tua paisagem de abraço
Você é meu farol minha Shangrilá desenhada em papel ao maço
A vastidão de teu olhar é maior que todo o esboço do céu
Só quero que o mundo vire uma orquestração
Com o teor de sua música suspirada em meus ouvidos
Sussurros mais ricos que toda a herança de Salomão
Você é tudo e mais aquilo que não poderia supor que existisse
E agora que te perdi onde a imagem é vapor na mémória
Como numa margem de um rio caudaloso
Procuro me agarrar em tuas mãos correntezas
Te sinto sem certeza
Meus inimigos sorriem
À minha mesa se sentaram
Beberam do meu cálice
Se fartarem de minha ceia
E agora riem de mim
E suas habitações sou eu quem está pagando
Na casa de numero vinte e três
Estou te procurando na casa deste Deus
De tantas moradas
Se te perdi nesta vida
Nesta outra te encontrarei... Sem alarde
Amada quando a tarde se encontra com a noite
Um pouquinho depois das seis...
Fique no meu aguardo
Porque a noite este seu gato também é pardo...