Não ultrapasse!
Quando foi que você se tornou obsoleto(a)?
Em que década computadores passaram a
Processar informações, enquanto você deixou
De pensar, por não conseguir processar nenhuma?
Quando foi que você se tornou obsoleto(a)?
Em que década a indústria passou a produzir
Remédios para tratar a doença, porque tratar
Da saúde...convenhamos! Não é lucrativo.
Ouvi dizer que o mistério do por vir é espera
Que a espera é intolerável e que a paciência
Ainda aguarda habeas corpus com seu colega
De cela e, quase extinto, bom senso humano.
Quando foi que você se tornou obsoleto(a)?
Em que década você passou a compartilhar
Informações e as deixou de ler, porque se a maioria
Diz que é, bem, só pode ser verdade. Ou não?
Quando foi que você se tornou obsoleto(a)?
Em que década os vasos sanguíneos foram
Substituídos por fios de cobre? E as sinapses?
Foram trocadas por redes de conexão Wi-Fi?
Aliás, será que você ainda dorme? Ou
Será que acorda cansado(a)? Tem tempo
Para sentar à mesa? Se lembra como era
Falar e olhar nos olhos de alguém? Ouvir
Sem pensar no que dirá, logo em seguida?
O teu sorriso é verdadeiro ou a fotografia
Não precisa saber a verdade dos fatos?
Sabe tanto sobre a vida do outro quanto
o que sabe a respeito de si mesmo(a)?
Na sua agenda, página hoje, parágrafo
Agora, da linha da vida, ainda há tempo
De amar alguém? Nem que seja “só” você
Mesmo(a)? Algum segundo para a gratidão?
Teria mais amigos e amores na vida
Do que roupas em seu armário? Usaria
menos maquiagem e mais franqueza? Veria
no mundo a sua volta, beleza além da tristeza?
Ei! Quando foi que você se tornou obsoleto(a)?
Autor: Augusto Felipe de Gouvêa e Silva.
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