Serei Quando For
Tenho sofrido as consequências das minhas decisões míopes;
Dedico-me a uma vida insalubre para ter com que pagar nas filas em que se paga a futilidade.
Pudesse eu ter a audácia dos vitoriosos,
Pudesse eu ter a volúpia de um campeão,
Pudesse eu ver a glória de ser o que eu quero ser em um “jamais” diminuído pela minha coragem.
Não, não confessarei a minha derrota enquanto houver no firmamento a luz solar e a amplidão dos seres metafísicos.
(Tenho idealizado canções de amor
Tenho mastigado a filosofia primeira
Tenho sido sensível ao gingado dos Orixás
Tenho observado o mundo com os olhos de saudade e magoa.)
O que hei de fazer para não ter que fazer o que não quero?
Como hei de explicar aos meus familiares a minha necessidade de ser feliz?
As aflições não são incuráveis, mas o remédio é a coragem e, do mesmo, não encontro em farmácia alguma.
(Ânimo, vamos! Que a morte mais breve é a morte do ser ainda com batimentos cardíacos
E que poupar-se de viver é falecer e respirar ao mesmo tempo.)
Roda mundo, roda. Faz-me menino só no coração. Deixa-me homem para saber ser e jovem para mudar o que não quero.