Já Fui Poeta
Já fui poeta.
Hoje sou nada.
O cansaço da caminhada
Por essas estradas,
Repletas de pedras, repletas de espinhos
Como se fossem rosas em meus sapatos,
Deixaram-me por demasiado exausto.
Já fui poeta.
Hoje sou nada.
Os sonhos que escorreram,
Por entre mãos calejadas;
Ásperas como esse chão de terra batida.
Deixaram-me marcas mais que eternas,
Eram doses de vaidade consumindo o poeta
Dia após dia;
Eram vidas em branco como folhas de cadernos jamais escritas.
Já fui poeta.
Hoje sou nada.
A morte não veio ao meu encontro.
Talvez eu não seja tão humano e por isso,
Não possa sucumbir ao sono eterno.
Vi várias idas e vindas de entes distantes,
Sobrevivi aos mares de monstros,
E aos escombros de homens que soterravam a poesia.
Eu também já fui poeta um dia.