O Preço da felicidade
Alguns meses duram mais que os outros.
Alguns são justos, mas com gosto,
Outros ficam por um triz,
À quem diz.
O meu mês acabou exatamente hoje, dia 26, e o que fazer?
O jeito é até o próximo 5° dia útil tentar sobreviver...
Pensei comigo, que ser miserável que sou,
O mês nem acabou e nada me sobrou.
Ir trabalhar sei dá,
Mas oque fazer na hora de voltar???
As moedas eu irei buscar,
Quem sabe elas podem me ajudar.
Caça daqui procura dali.
Tenho o suficiente, para ir.
Fui cabisbaixo rezando baixinho,
Meu Deus, só mais um pouquinho.
E como Deus não abandona o seus,
Um milagre se deu.
Pra voltar até metade,
Vou pelo menos chegar na minha cidade.
Mas pra percorrer todo aquele caminho
E a ladeira ir subindo,
Falta pouco, muito pouco.
Só um real , que sufoco.
Um real, penso comigo,
Poderia pedir a um amigo,
Já era tarde, e voltando olhando para o chão,
Só vi papelão.
Oras, um real não é nada,
Não compra nem uma bala.
Mas que falta o miserável me faz,
Como não fui capaz.
Um real, o meu Deus, um real.
Foi quando uma criatura pequena e esbelta
Cabelos grisalhos e cara de esperta,
Com os olhos arregalados e com muito vigor,
Olhou pra mim e interrogou:
Moço tem um real pra eu compra um quarto de café?
Balancei a cabeça e pensei, vá com fé.
Ah! ela quer comprar café,
Sou mesmo um Mané!
Beba água e pare de vaidade,
O que fez em sua mocidade?
Eu aqui dando duro
E nos bolsos só tenho furos.
Então resolvi sobre isso escrever
Da minha desgraça, escarnecer.
O melhor que o pobre faz é dá risada
Que não paga nada.
Levar a vida numa boa
E não sofrer atoa
E quando, um lápis fui procurar,
Na bolsa vasculhar,
O que é isso meu irmão?!
Agora tenho um real na mão.
Minha felicidade teve preço
E a Deus eu agradeço.