Afogado;
Brilha a luz de um farol.
Nos olhos se anuncia o naufrágio,
há corais cinzas e pardos
jogados ao lado do corpo afogado.
O peito coberto
por algas verdes
e amareladas,
deitado na areia áspera e gelada.
Na garganta há um grito
aprisionado.
Úmido grito aprisionado
sufocado,
Formigando entre os lábios;
brancos
mortos
e salgados.
Não houve choro!
Não houve lágrimas!
Só um grito emudecido.
Um silêncio resguardado
- eterno
e sepultado -
em um recife esquecido.
E no céu limpo e claro
nenhuma voz conforta o silêncio
daquele que morreu afogado
dentro de si mesmo.