De longe
vêm de longe os caminhos
que me trazem à estas plagas.
vêm de longe os pés
que movimentam-se
no palco diante dos
olhos iluminados.
cantam blues
quando estão cansados
no meio da caminhada.
vêm de longe as memórias de mil
vidas acumuladas, atravessadas
nas linhas da primeira aurora.
trazem plumas
arrancadas do corpo,
pelo vento, íntimo
e veloz.
trespassa o tempo
vivido até agora.
encontro-me. reconheço-me.
sou uma alma cheia de
sentimentos e palavras.
pousam sobre mim
asas difusas e mágoas
silenciadas.
arrasto coisas em cenas abertas
desenhadas no palco que escolhi.
a consciência repousa
na memória fria,
na pele molhada
longe dos sinais
do medo e da
agonia.
músicas atravessam a alma
nas estradas abandonadas.
guardam as mãos o céu inteiro,
no templo iluminado.
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