De longe

vêm de longe os caminhos

que me trazem à estas plagas.

vêm de longe os pés

que movimentam-se

no palco diante dos

olhos iluminados.

cantam blues

quando estão cansados

no meio da caminhada.

vêm de longe as memórias de mil

vidas acumuladas, atravessadas

nas linhas da primeira aurora.

trazem plumas

arrancadas do corpo,

pelo vento, íntimo

e veloz.

trespassa o tempo

vivido até agora.

encontro-me. reconheço-me.

sou uma alma cheia de

sentimentos e palavras.

pousam sobre mim

asas difusas e mágoas

silenciadas.

arrasto coisas em cenas abertas

desenhadas no palco que escolhi.

a consciência repousa

na memória fria,

na pele molhada

longe dos sinais

do medo e da

agonia.

músicas atravessam a alma

nas estradas abandonadas.

guardam as mãos o céu inteiro,

no templo iluminado.

.

Pedro Porta
Enviado por Pedro Porta em 05/11/2017
Reeditado em 05/11/2017
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